terça-feira, 31 de maio de 2011


Sofremos pelo que não temos, e muitas vezes,
pelo que acreditamos que era nosso,
e na verdade, nunca foi.

Sofremos, pela incerteza do amanhã
que não nos pertence,
mas que tentamos controlar.
Sofremos pelas amizades e afinidades
que tentamos dominar, possuir sem medidas,
e que se afastam de nós.

Sofremos pela doença que podemos ter,
pela gripe que pode virar bronquite,
e nos abatemos.

Sofremos pelo medo do imponderável,
pelo que não podemos medir,
pelo que não vemos, mas as vezes, podemos ouvir,
e nos trancamos.
Sofremos pelas nossas faltas,
e nos abatemos com as dificuldades que criamos,
e estagnamos.

Por isso,
as notas que não tiramos, as provas que não passamos,
os amores que não vivemos, o abraço que perdemos,
os cadernos amarelados, os cheiros da infância,
a velha chupeta guardada ou perdida,
são doces lembranças, mas até nelas, sofremos.

Sofremos, porque não queremos nada simples,
nem simplesmente viver,
em simplesmente amar.
Temos medo de nos entregarmos
definitivamente ao amor,
medo de sofrer uma dor maior,
por isso, sofremos,
até pelo que não sabemos.

E  hoje,
sabendo que o sofrer é uma antecipação da dor que nem sempre viveremos,
vou procurar conquistar aquilo que realmente me cabe,
e se a dor me visitar, vai me encontrar mais forte,
porque tenho a exata medida de tudo o que já passei,
e sou o fruto maduro dessa árvore chamada, vida.

Paulo Roberto Gaefke

sexta-feira, 20 de maio de 2011



O Enterro

E se foi.
Do mesmo jeito que chegou,
Como se nunca estivesse aqui.

E morreu.
Do mesmo jeito que nasceu,
Como se nunca quisesse que estivesse aqui.

E dói.
Do mesmo jeito que doeu,
Como se fosse difícil aceitar de volta a condição de isolamento.

E arrancou.
Do meu coração a metade,
Só pra não me deixar esquecer que, um dia, aquilo foi tudo o que eu sempre quis.

É proibido


É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.


É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.

É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.

É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,
Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.

É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,
Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.

É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,
Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.

É proibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

(Pablo Neruda)
"Nós não podemos descobrir 
          
      novos oceanos,

      se não tivermos  a  coragem  de  perder  

      a  vista  da  costa " 

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Mensagem do Meu Anjo – Colar da dor Por Paulo Roberto Gaefke


Da dor fiz um colar cheio de contas,em cada conta uma história, uma decepção…Durante muito tempo da minha vida,carreguei esse colar, relembrando cada fato.Quando ameaçava ser feliz, pegava em uma conta,imediatamente a cena que ligava aquela contatrazia de volta os sentimentos de dor e revolta.

Da dor tornei me escravo,assumi o papel de vítima,em tudo eu via conspiração do mal, coisas negativas,via despacho e feitiçaria até em presentes de amigos,o mal estava em mim, e eu me fechei nele.Achava que o problema estava nos outros,não via o problema em mim.


Um dia, sufocado pela dor e solidão,joguei fora o colar de contas,resolvi esquecer o passado e viver apenas o dia.Percebi coisas boas em mim,revelei dons que até desconhecia,fiz novos amigos e até o amor me visitou.Percebi que o passado podia ser prisão,e que o dia de hoje é a chave que liberta.


Hoje sou feliz, reconheço o melhor em mim,já não sonho apenas, faço o que posso,e o que posso, faço o melhor.E o que eu não posso, eu peço ajuda,e assim, eu, você e o mundo,devemos aproveitar este diapara fazer o nosso melhor,com a experiência do passado,com os olhos no futuro,e os pés no chão deste momento, que não volta mais,Viver e ser feliz:só se for agora!
Eu acredito em você
Paulo Roberto Gaefkewww.meuanjo.com.br

terça-feira, 3 de maio de 2011

Antonia - Minha Querida Amiga

Gente nao posso e nao quero mais viver sem ela...Minha amiga de todas as horas, fiel, companheira e que me ajuda de uma forma extraordinária..Adoroooooooooooooooooo....A Antonia é minha máquina de lavar roupas, maravilhosa....A melhor amiga que uma mulher pode ter na minha opinião , claro...

sábado, 30 de abril de 2011

É que eu pensei q nunca acabaria, apesar das brigas , dos dias sem se falar, da inquietude que nos permeava eu achei que nunca acabaria...E estou perdida no vazio que vc deixou...
Ray Portela

sexta-feira, 29 de abril de 2011

ADEUS!!!!

Hoje 29 de Abril de 2011 se encerra mais um ciclo na minha vida e inicia outro....Peço que Nosso Senhor Jesus Cristo abençoe essa nova etapa da minha vida...Que eu saiba discernir entre o correto e o errado e que eu esteja fazendo a escolha correta... A vida nos reserva surpresas, às vezes entramos numa relaçao cheia de expectaticvas, de idéias e intençoes boas, mas de BOAS INTENÇÕES não se vive...É necessário respeito e não tive...Sei lá se me dei demais ou de menos, mas me sinto exausta, sem forças...Quero muito que essa fase passe e eu tenha paz novamente... LUTEI, TRABALHEI, RESPEITEI EDE NADA ADIANTOU!!!
ADEUS...

sábado, 16 de abril de 2011


Se tivesse acreditado na minha brincadeira de dizer verdades teria ouvido verdades que teimo em dizer brincando, falei muitas vezes como um palhaço mas jamais duvidei da sinceridade da platéia que sorria.
Charles Chaplin
SAUDADE DA MINHA SAUDADE!!!





Muitas pessoas reclamam da correria de suas vidas.

Acham que têm compromissos demais e culpam a complexidade do mundo moderno.

Entretanto, inúmeras delas multiplicam suas tarefas sem real necessidade.

Viver com simplicidade é uma opção que se faz.

Muitas das coisas consideradas imprescindíveis à vida, na realidade, são supérfluas.

A rigor, enquanto buscam coisas, as criaturas se esquecem da vida em si.

Angustiadas por múltiplos compromissos, não refletem sobre sua realidade íntima.

Olvidam do que gostam, não pensam no que lhes traz paz, enquanto sufocam em buscas vãs.

De que adianta ganhar o mundo e perder-se a si próprio?
Se a criatura não tomar cuidado, ter e parecer podem tomar o lugar do ser.

Ninguém necessita trocar de carro constantemente, ter incontáveis sapatos, sair todo final de semana.

É possível reduzir a própria agitação, conter o consumismo e redescobrir a simplicidade.

O simples é aquele que não simula ser o que não é, que não dá demasiada importância a sua imagem,ao que os outros dizem ou pensam dele.

A pessoa simples não calcula os resultados de cada gesto, não tem artimanhas e nem segundas intenções.

Ela experiencía a alegria de ser, apenas.

Não se trata de levar uma vida inconsciente, mas de reencontrar a própria infância.

Mas uma infância como virtude, não como estágio da vida.

Uma infância que não se angustia com as dúvidas de quem ainda tem tudo por fazer e conhecer.

A simplicidade não ignora, apenas aprendeu a valorizar o essencial.

Os pequenos prazeres da vida, uma conversa interessante, olhar as estrelas, andar de mãos dadas, tomar sorvete...

Tudo isso compõe a simplicidade do existir.

Não é necessário ter muito dinheiro ou ser importante para ser feliz.

Mas é difícil ter felicidade sem tempo para fazer o que se gosta.

Não há nada de errado com o dinheiro ou o sucesso.

É bom e importante trabalhar, estudar e aperfeiçoar-se.

Progredir sempre é uma necessidade humana.

Mas isso não implica viver angustiado, enquanto se tenta dar cabo de infinitas atividades.

Se o preço do sucesso for ausência de paz, talvez ele não valha a pena.

As coisas sempre ficam para trás, mais cedo ou mais tarde.

Mas há tesouros imateriais que jamais se esgotam.

As amizades genuínas, um amor cultivado, a serenidade e a paz de espírito são alguns deles.

Preste atenção em como você gasta seu tempo.

Analise as coisas que valoriza e veja se muitas delas não são apenas um peso desnecessário em sua existência.

Experimente desapegar-se dos excessos.

Ao optar pela simplicidade, talvez redescubra a alegria de viver.

Pense nisso !

(Autor Desconhecido)

TEXTO EXTRAÍDO DO BLOG MAIS UM...ME EMOCIONEI MUITO AO LER


Eu teria tantas coisas pra te dizer. Era o primeiro dia do ano, e a meia-noite era o seu abraço que eu queria sentir. E foi você que meu pensamento encontrou quando eu vi os fogos explodirem no céu. Eu fechei meus olhos e agradeci a Deus por você ter existido em mim até ali. E te devolvi a Ele.
Eu fui teimosa, até egoísta, e lutei por você, com tamanha determinação, com a qual eu nunca quis nada na minha vida inteira. Eu tive tantas certezas a seu respeito. Uma delas era que você nunca iria embora. Confiei a você os meus dias, as minhas alegrias, os meus sonhos, as minhas declarações de amor. Eu tinha certeza que você nunca iria embora. Confiei a você as minhas crises, os meus defeitos, os meus chamegos e a minha pele.
Eu tinha tanto medo antes. Mas você apareceu. Aos poucos me fez sentir que o seu amor era tão grande. Eu me senti salva. Como se a vida inteira eu tivesse esperado por alguém. Eu tive certeza de que era você. E de que era pra sempre. Mas não foi.
2011 chegou. Promessas de finais e tantos novos começos. Tanta coisa, que me dá medo. Uma delas é você. Infelizmente, acredito que não há mais nada a ser feito. Irreversível. Como a morte. Porque no fundo, alguma coisa realmente morreu. Se eu acreditasse em outras vidas. Ainda esperaria você.
Você vive dizendo que o tempo cura. Pra mim, o tempo levanta paredes em torno das coisas mais profundas. O tempo constrói muros inalcançáveis ao nosso redor. De onde ficaremos presos, desde aquele dia e pra sempre. Como se cada dia, uma fileira de tijolos fosse colocada. E não tem fim. É esse o trabalho do tempo.
O tempo levou com ele os nossos sonhos, o nosso dia-a-dia, levou ‘nós dois’. Não tem volta. E mesmo aos pedaços, eu preciso ir, porque não adiantaria juntar os cacos. Sempre vai existir alguém pra quebrar tudo de novo.
Quero que saiba que eu não vou te esquecer. Você estará pra sempre no meu relicário.
Eu me lembrarei de você, até nos confins da terra.


- O velho amor, ainda e sempre.
A gente todos os dias arruma os cabelos: por que não o coração?

CASA FEITA DE GARRAFAS PET

Recebi por email e achei muito interessante entao resolvi dividir com vcs...As imagens abaixo  falam por si:































quarta-feira, 13 de abril de 2011


RECOMEÇAR
Paulo Roberto Gaefke
(não é de Carlos Drummond de Andrade)

Não importa onde você parou...
em que momento da vida você cansou...
o que importa é que sempre é possível e necessário
"Recomeçar".
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...
é renovar as esperanças na vida e o mais importante...
acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado...
Chorou muito?
foi limpeza da alma...
Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só por diversas vezes?
É por que fechaste a porta até para os anjos...
Acreditou que tudo estava perdido?
Era o início da tua melhora...
Pois é...agora é hora de reiniciar...de pensar na luz...
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Que tal um novo emprego? Uma nova profissão?
Um corte de cabelo arrojado... diferente?
Um novo curso... ou aquele velho desejo de aprender a
pintar... desenhar... dominar o computador...
ou qualquer outra coisa...
Olha quanto desafio...
quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando.
Tá se sentindo sozinho? besteira...
tem tanta gente que você afastou com
o seu "período de isolamento"...
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu
para "chegar" perto de você.
Quando nos trancamos na tristeza...
nem nós mesmos nos suportamos...
ficamos horríveis... o mal humor vai comendo nosso fígado...
até a boca fica amarga.
Recomeçar...
hoje é um bom dia para começar novos desafios.
Onde você quer chegar?
Vá alto... sonhe alto... queira o melhor do melhor...
queira coisas boas para a vida...
pensando assim trazemos prá nós aquilo que desejamos...

Se pensamos pequeno... coisas pequenas teremos...
já se desejarmos fortemente o melhor e
principalmente lutarmos pelo melhor...
o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental...
jogar fora tudo que te prende ao passado...
ao mundinho de coisas tristes...
fotos... peças de roupa, papel de bala...
ingressos de cinema... bilhetes de viagens...
e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados...

jogue tudo fora... mas principalmente...
esvazie seu coração... fique pronto para a vida...
para um novo amor...

Lembre-se somos apaixonáveis...
somos sempre capazes de amar muitas
e muitas vezes... afinal de contas...
Nós somos o "Amor"...

"Viver não dói" ou "As possibilidades perdidas"
Martha Medeiros
Fiquei sabendo que um poeta mineiro que eu não conhecia, chamado Emilio Moura, teria completado 100 anos neste mês de agosto, caso vivo fosse. Era amigo de outro grande poeta, Drummond. Chegaram a mim alguns versos dele, e um em especial me chamou a atenção: "Viver não dói. O que dói é a vida que não se vive".

Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade interrompida.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: se iludindo menos e vivendo mais. 
Autoria desvendada pelo blog: "O Autor Desconhecido".
Esse texto NÃO É de Carlos Drummond de Andrade

SILÊNCIO

Clarice Lispector

É tão vasto o silêncio da noite na montanha. É tão despovoado. Tenta-se em vão trabalhar para não ouvi-lo, pensar depressa para disfarçá-lo. Ou inventar um programa, frágil ponto que mal nos liga ao subitamente improvável dia de amanhã. Como ultrapassar essa paz que nos espreita. Silêncio tão grande que o desespero tem pudor. Montanhas tão altas que o desespero tem pudor. Os ouvidos se afiam, a cabeça se inclina, o corpo todo escuta: nenhum rumor. Nenhum galo. Como estar ao alcance dessa profunda meditação do silêncio. Desse silêncio sem lembranças de palavras. Se és morte, como te alcançar.
É um silêncio que não dorme: é insone: imóvel mas insone; e sem fantasmas. É terrível - sem nenhum fantasma. Inútil querer povoá-lo com a possibilidade de uma porta que se abra rangendo, de uma cortina que se abra e diga alguma coisa. Ele é vazio e sem promessa. Se ao menos houvesse o vento. Vento é ira, ira é a vida. Ou neve. Que é muda mas deixa rastro - tudo embranquece, as crianças riem, os passos rangem e marcam. Há uma continuidade que é a vida. Mas este silêncio não deixa provas. Não se pode falar do silêncio como se fala da neve. Não se pode dizer a ninguém como se diria da neve: sentiu o silêncio desta noite? Quem ouviu não diz.
 A noite desce com suas pequenas alegrias de quem acende lâmpadas com o cansaço que tanto justifica o dia. As crianças de Berna adormecem, fecham-se as últimas portas. As ruas brilham nas pedras do chão e brilham já vazias. E afinal apagam-se as luzes as mais distantes.
 Mas este primeiro silêncio ainda não é o silêncio. Que se espere, pois as folhas das árvores ainda se ajeitarão melhor, algum passo tardio talvez se ouça com esperança pelas escadas.
 Mas há um momento em que do corpo descansado se ergue o espírito atento, e da terra a lua alta. Então ele, o silêncio, aparece.
 O coração bate ao reconhecê-lo.
 Pode-se depressa pensar no dia que passou. Ou nos amigos que passaram e para sempre se perderam. Mas é inútil esquivar-se: há o silêncio. Mesmo o sofrimento pior, o da amizade perdida, é apenas fuga. Pois se no começo o silêncio parece aguardar uma resposta - como ardemos por ser chamados a responder - cedo se descobre que de ti ele nada exige, talvez apenas o teu silêncio. Quantas horas se perdem na escuridão supondo que o silêncio te julga - como esperamos em vão por ser julgados pelo Deus. Surgem as justificações, trágicas justificações forjadas, humildes desculpas até a indignidade. Tão suave é para o ser humano enfim mostrar sua indignidade e ser perdoado com a justificativa de que se é um ser humano humilhado de nascença.
 Até que se descobre - nem a sua indignidade ele quer. Ele é o silêncio.
 Pode-se tentar enganá-lo também. Deixa-se como por acaso o livro de cabeceira cair no chão. Mas, horror - o livro cai dentro do silêncio e se perde na muda e parada voragem deste. E se um pássaro enlouquecido cantasse? Esperança inútil. O canto apenas atravessaria como uma leve flauta o silêncio.
 Então, se há coragem, não se luta mais. Entra-se nele, vai-se com ele, nós os únicos fantasmas de uma noite em Berna. Que se entre. Que não se espere o resto da escuridão diante dele, só ele próprio. Será como se estivéssemos num navio tão descomunalmente enorme que ignorássemos estar num navio. E este singrasse tão largamente que ignorássemos estar indo. Mais do que isso um homem não pode. Viver na orla da morte e das estrelas é vibração mais tensa do que as veias podem suportar. Não há sequer um filho de astro e de mulher como intermediário piedoso. O coração tem que se apresentar diante do nada sozinho e sozinho bater alto nas trevas. Só se sente nos ouvidos o próprio coração. Quando este se apresenta todo nu, nem é comunicação, é submissão. Pois nós não fomos feitos senão para o pequeno silêncio.
 Se não há coragem, que não se entre. Que se espere o resto da escuridão diante do silêncio, só os pés molhados pela espuma de algo que se espraia de dentro de nós. Que se espere. Um insolúvel pelo outro. Um ao lado do outro, duas coisas que não se vêem na escuridão. Que se espere. Não o fim do silêncio mas o auxílio bendito de um terceiro elemento, a luz da aurora.
 Depois nunca mais se esquece. Inútil até fugir para outra cidade. Pois quando menos se espera pode-se reconhecê-lo - de repente. Ao atravessar a rua no meio das buzinas dos carros. Entre uma gargalhada fantasmagórica e outra. Depois de uma palavra dita. Às vezes no próprio coração da palavra. Os ouvidos se assombram, o olhar se esgazeia - ei-lo. E dessa vez ele é fantasma.

Clarice Lispector- "Onde estivestes de noite?"
7ª Ed. - Ed. Francisco Alves - Rio de Janeiro - 1994

TODO DIA EXISTE DEUS

Um dia me perguntaram se eu acreditava em Deus......eu então lhes respondi da maneira como eu pensava.

Todo dia existe Deus......num sorriso de criança,no canto dos passarinhos,num olhar, numa esperança.

Todo dia existe Deus......na harmonia das cores, na natureza esquecida,na fresca aragem da brisa,na própria essência da vida.

Todo dia existe Deus......no regato cristalino,no pequeno servo do mar,nas ondas lavando as praias,na clara luz do luar.

Todo dia existe Deus......na escuridão do infinitotodo ponteado de estrelas,na amplidão do universo,no simples prazer de vê-las.

Todo dia existe Deus......nos segredos desta vida,no germinar da semente,nos movimentos da Terraque gira incessantemente.

Todo dia existe Deus......no orvalho sobre a relva,na natureza que encanta,no cheiro que vem da terrae no sol que se levanta.

Todo dia existe Deus......nas flores que desabrochamperfumando a atmosfera,nas folhas novas que brotamanunciando a primavera.

Deus é capaz, Deus é paz,Deus é esperança.É o alento do aflito,o Criador do Universo,da luz, do ar, da aliança.

Deus é a justiça perfeitaque emana do coração.Ao perdoar quem ofendeEle é o próprio perdão.

Será que você ainda não viu o rosto de Deusno colorido mais belodos olhos dos filhos seus?

Deus é constante e perene. É divino!De tal sorte que sendo essência da vidaé o descanso na morte...

Não há vida sem volta e não há volta sem vida...A morte não é morte, é só a porta da vida.

Todo dia existe Deus...No ciclo da natureza, neste ir e vir constante,no broto que se renova, na vida que segue adiante,em quem semeia bondade e em quem ajuda o irmão,colhendo felicidade, cumprindo a sua missão...

Todo dia existe Deus......no suor de quem trabalha,no calo duro das mãos,no homem que planta trigo,no trigo que faz o pão.

Você pode sentir Deus pulsar......dentro do seu coração!!!

Autora: Rita Pando